Membros da Comunidade (2)
O Ph.D. Que Foi ao Encontro de Deus
O Ph.D. Que Foi ao Encontro de Deus
Ph.D. é o grau máximo conferido por uma universidade americana. Quer dizer doctor of philosophy (doutor em filosofia). Depois dos 5 anos de universidade, a pessoa faz o mestrado de um ano e, depois, cerca de 3 anos de cursos e pesquisas para poder concluir uma tese inédita sobre algum tema. Portanto, depois que já se formou, a pessoa ainda estuda um mínimo de mais 4 anos de universidade para chegar ao Ph.D. Esse título universitário pode ser considerado como uma conquista do intelecto e da vontade. Era o meu sonho quando fui para a Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, onde optei pela área da comunicação. O sonho se concretizou em 1985. Portanto, eu sou um Ph.D. em comunicação. Até hoje ainda olho com orgulho para aquele enorme diploma. Afinal, esse sonho mobilizou toda a minha família. Precisei do apoio de meus pais, de minha esposa e de meus filhos. Também me empenhei ao máximo para poder, em uma terra distante, e em outra língua, oferecer o melhor de mim. Sem sombra de dúvidas, para mim, esse título foi uma vitória! Foi uma vitória que ostentei em meu currículo e em meus livros por exatos 23 anos. Até que, em 2008, cheguei ao Vale. Apaixonei-me por Nossa Senhora e pelo carinho que ela tem por esta comunidade. Passei a fazer parte da comunidade fraterna do Vale da Imaculada Conceição. Como eu vinha da área de comunicação, o que mais me encantou foram as mensagens de Maria. São conteúdos vindos direto de Deus, com inigualável poder transformador. Se comunicar é transformar o outro, no Vale, toda mensagem representa uma mudança na vida dos que têm fé. Passei a desejar de todo o coração que o mundo todo pudesse ter acesso às palavras que Ela, a Rainha do Céu e da terra, com doçura, nos passa todas as semanas. Foi um caso de amor à primeira vista. Você se lembra de seu primeiro amor? O meu foi aos 60 anos. Maria de Nazaré conseguiu me arrebatar ao Céu logo na primeira mensagem. Foi só ouvir e saber que o que Ela me dizia vinha do Céu e encharcava de doçura meu coração. Maria desde aquela primeira mensagem se transformou em meu primeiro amor. A paixão foi tanta que, passados 3 anos, eu já tinha, em colaboração com Ela e Marilda, publicado 8 livros. Cheguei aqui por mera curiosidade, procurando pela casa de um amigo e, depois, de algum tempo morando no Vale, consegui, pela primeira vez entender o meu verdadeiro propósito de vida. As outras coisas vividas no mundo tinham sido sonhos fugazes. Alguns se realizaram, outros não. Mas, no Vale encontrei não um sonho, mas um propósito de vida, de Vida Eterna!
Valteíce Maria Teixeira - A Cura do Coração
Primeira Parte
A Cura do Coração
“Foi um verdadeiro milagre”
Meu nome é Valteíce Maria Teixeira. Nasci em 14 de junho de 1943, e atualmente tenho 58 anos. Sou da Ordem das Filhas da Caridade de São Vicente de Paula desde 1965, e sou formada em Enfermagem e Administração de Empresas.
No ano de 1984 fui operada do coração, devido ao atrofiamento de uma artéria, colocando uma ponte de safena. Correu tudo bem, graças a Deus, e continuei normalmente a minha vida de religiosa.
Em abril de 1995, requeri da Santa Madre Igreja uma licença para afastamento da ordem por tempo indeterminado - processo feito junto à “Sagrada Congregação dos Religiosos” - pois desejava ardentemente acompanhar as aparições de Nossa Senhora em Piedade dos Gerais.
Após 1 ano de espera, recebi um ofício notificando minha licença. Isto permitia que eu pudesse dedicar minha vida à Comunidade Fraterna do Vale da Imaculada Conceição, fazendo parte do Grupo da Fraternidade. Assim, desde o dia 21 de junho de 1996 estou a acompanhar a catequese espiritual trazida pela Virgem Maria, a Imaculada Conceição.
Transcorridos 2 anos que eu já estava em Piedade, comecei a sentir falta de ar e dor precordial, que se prolongou por 6 meses e que se agravava cada vez mais, de tal forma que eu já nem podia caminhar, nem fazer esforço físico. Ficava ofegante e também com um pouco de cianose. E cada vez mais eu sentia que meu estado se agravava.
Eu havia combinado com Jesus que eu nunca mais iria operar do coração, pois sofri muito na primeira cirurgia. Por isso eu não queria voltar ao médico. Estava com trauma de cirurgia. Então eu disse a Jesus que eu preferia morrer com um segundo enfarte a ter que operar do coração novamente.
Na noite de 14 de outubro de 1998, acordei de madrugada com muita falta de ar e não podia respirar. Levantei-me às pressas, abri a janela, fui à cozinha e peguei um copo com água para tomar, mas a água não passou. Sentia uma pressão dentro do peito que eu não agüentava. Voltei para o quarto e me deitei novamente com uma dor mais forte, e senti que eu iria morrer, pois a dor só aumentava. Sentia também um formigamento no corpo todo, como se fosse uma dormência. A dor era muito forte.
Quando eu achei que ia morrer, chamei a Marina, que é enfermeira, e que estava dormindo comigo no quarto, e disse a ela: “Tem remédio na gaveta, mas eu estou morrendo!”
Ela pegou 4 comprimidos de Sustaste – que é um medicamento para cardíacos - e colocou debaixo da minha língua. E eu disse: “Pode rezar o terço, porque eu estou morrendo!”
Depois disso perdi a fala e minha língua se enrolou. Eu não conseguia mais falar e sentia cada vez mais que eu estava morrendo.
Eu fiquei bem quieta em minha cama. Na medida em que foi passando o tempo, o remédio foi me aliviando, juntamente com a oração do terço que Marina estava rezando.
Às 6:00 horas da manhã, quando ela estava terminando a oração do terço, eu já conseguia falar.
Depois de breves preparativos, levaram-me para o hospital da cidade de Barbacena. Chegando lá, o médico fez eletrocardiograma e os exames de sangue, comprovando assim a pouca oxigenação do meu sangue e a reincidência de problemas nas coronárias.
Passei 8 dias no hospital em repouso, tomando medicamentos para novamente fazer um cateterismo, e ver o que estava acontecendo com o meu coração. Depois deste período, passei mais 20 dias de repouso absoluto na casa da Marina, em Barbacena, recuperando-me e aguardando para fazer o exame.
O exame seria no hospital Socor, em Belo Horizonte. Eu desejava muito ir a Piedade, porém, o médico me aconselhou a seguir viagem diretamente para o hospital. Mas eu insisti e disse: “Eu vou passar em Piedade para receber a bênção de Nossa Senhora, para eu morrer bem!”
Eu sentia que ia morrer, pois o meu estado era muito grave. Além disso, o exame de cateterismo é muito doloroso. No primeiro cateterismo que fiz, sofri muito, por ser um exame complicado, principalmente para aqueles que não se encontram em bom estado de saúde, podendo até morrer durante o exame. Por isso, eu queria receber a bênção da Mãe Celeste, pensando realmente que iria morrer.
Fomos então a Piedade dos Gerais, eu e a Marina. Chegamos no Vale da Imaculada Conceição à tardinha, e pretendíamos sair bem cedo no dia seguinte.
Fui quase totalmente privada de visitas, para evitar quaisquer esforços e emoções.
Logo pela manhã, recebi uma visita inesperada: a mensageira de Nossa Senhora entrou em meu quarto e disse que a Mãe do Céu vinha me visitar e deixar uma mensagem.
Éramos três pessoas na casa durante esta aparição: Marilda, a porta voz de Nossa Senhora; Marina, a minha amiga e enfermeira; e eu. A Marina pegou rapidamente o gravador e gravou a mensagem.
A partir daquele momento em que a Virgem Maria se manifestou, eu não senti mais nada. Mais nada! Depois disso, segui o meu caminho para Belo Horizonte, onde eu ia fazer o exame de cateterismo.
Após fazer o exame que, graças a Deus, transcorreu muito bem, foi constatado que a ponte de safena havia colabado – fechado - e, para surpresa de todos, a minha artéria anterior, que tinha sido operada, estava funcionando na sua capacidade total, cem por cento. O meu coração estava igual ao coração de uma criança.
Quando eu levei para o meu médico o resultado - médico com o qual faço tratamento há 16 anos – ele me disse: “Foi um verdadeiro milagre! Porque não existe na história da medicina que uma artéria que houvesse colabada e obstruída, voltasse ao seu funcionamento normal! Irmã, o que a senhora fez para que isso acontecesse?”
Eu respondi: “Eu não fiz nada, quem fez foi Nossa Senhora que pediu a Jesus a minha cura.”
Disse o médico: “Irmã, isso não acontece. A senhora pode ir até no Papa que ele vai dizer que não é verdade. Porque a artéria, uma vez colabada e obstruída, jamais voltará ao seu funcionamento normal.”
Para constatar tenho todos os exames feitos. Um foi realizado antes da cirurgia e outro posteriormente, ambos com fotos. E tenho também exames mostrando a complicação nas coronárias, e os exames de sangue que medem a capacidade de oxigenação do coração. Estes meus exames feitos antes de alcançar a cura milagrosa mostram a séria complicação em que se encontrava meu coração, porque a ponte colabou.
Quanto à mensagem tão especial e importante para a minha vida, eu nunca mais a ouvi. Algumas pessoas da Comunidade tiveram a oportunidade de ouvi-la depois, mas ninguém copiou a fita com a mensagem e sem saber como eu a perdi.
Vale da Imaculada Conceição, 25 de maio de 2002
Segunda Parte
A confirmação
“Toda quebrada, mas a alma toda viva”
Depois disso – da minha cura milagrosa – retornei às minhas funções normais: cuidava de duas meninas, auxiliava no ambulatório médico da comunidade e dava assistência à minha mãe que mora em Divinópolis. E ainda participava de todas as atividades diárias da comunidade.
Posteriormente, precisei ficar um pouco mais afastada da comunidade para cuidar de uma senhora muito amiga que não se encontrava em perfeito estado de saúde. Nos finais de semana eu intercalava a assistência à minha mãe com as visitas à Comunidade.
No dia 26 de abril de 2001, estando eu e o meu irmão Vanir a caminho da cidade de Florianópolis - Santa Catarina – para uma visita familiar, quando estávamos próximo à divisa de Minas Gerais com São Paulo, na BR-381 (rodovia Fernão Dias), por volta das 3:00 horas da madrugada, naquela escuridão, um caminhão que trafegava com os faróis apagados se chocou violentamente de frente com o nosso carro. Neste momento, chamei por Jesus Misericordioso e Nossa Senhora.
Meu irmão, que estava no volante, começou a agonizar, e eu prossegui com minhas orações, pedindo a Jesus misericórdia, até que ele deu o último suspiro e morreu.
Sentindo-me sozinha e, lembrando-me de Nossa Senhora, eu dei um grito com todas as minhas forças: “Nossa Senhora! Vem cá! Me ajuda!”
Neste momento eu senti que Nossa Senhora entrou com os anjos e todo o Céu, porque eu senti uma paz, que era uma paz tão grande, que não senti a morte do meu irmão, não fiquei desorientada, não fiquei triste e nem fiquei abalada. Fiquei tranqüila e muito consciente de tudo o que tinha acontecido e estava acontecendo.
O socorro veio logo. Muitos homens se dirigiam aos restos do carro e diziam: “Morreram todos.” Eu, ajuntando um pouco de forças, murmurei, de forma que eles compreendessem que ali ainda tinha uma vida.
Demoraram muito para serrar as ferragens do carro e me tirar de lá. Fui levada ao hospital mais próximo e posteriormente transferida para a Santa Casa da Misericórdia de São Paulo.
Eu sofri muito, porque tive várias fraturas e uma lesão séria no cérebro. Perdi o líquido da meninge, tive uma fratura grande e exposta acima do olho - na altura do supercílio esquerdo - meu nariz quebrou, deslocando-se para um dos lados do rosto, muitos dentes entortaram e outros quebraram. Meu olho esquerdo estourou, tive uma lesão no pescoço, minha cabeça virou para trás, fraturei os dois braços, estalei o úmero, fraturei a mão direita, que virou para trás. Além disso, ocorreu uma lesão na dorsal, uma grande lesão na omoplata e minha perna esquerda saiu fora – igual a uma perna de boneca. Tive fratura no joelho, no tornozelo e na rótula de ligamento da perna esquerda. Na perna direita houve fratura do joelho em seis partes, no fêmur tive fratura exposta – ficando um pedaço no carro – e a patela do joelho ficou exposta. Tive um grande desvio na bacia, uma lesão na região sacra e inúmeros ferimentos por todo o corpo.
E com tudo isso, eu fiquei calma. Sofrendo, mas com muita tranqüilidade.
Rezei muito! Desde o momento do acidente, eu fiquei rezando, rezando, rezando...
Na sala de cirurgia eu só rezava. Fiquei 12 dias na UTI toda entubada. Não perdi a consciência. Só rezava, sofria e oferecia - pelas almas do purgatório, pela Santa Igreja, pelos missionários, pelos sacerdotes, pelas religiosas, pelas famílias, pela conversão dos pecadores. Eu rezava com fé, com amor e com muita paz, mesmo sendo a dor incalculável, inimaginável de ser superada sem o auxílio de Deus e de Nossa Senhora. Eu não dormia devido às muitas dores e ao mal estar.
Passaram-se 12 horas desde o acidente até o momento da primeira cirurgia. Depois ainda passei 13 horas no bloco cirúrgico - e esta é a prova da veracidade da cura do meu coração: estando toda quebrada, suportei a 13 horas de cirurgia, sem falar nas outras cirurgias que vieram uma após outra.
Tive que colocar um aparelho na boca, mantendo-a fechada por 60 dias e sem poder mastigar. Eu tinha muita sede. Passei sede demais! E também passei muita fome nestes 60 dias, e muita dor.
O médico não me deu esperança nenhuma de voltar a ter uma vida normal e de caminhar. E muito menos esperança de vida. Antes de me operar ele disse: “Ah, minha pobre velhinha! Quebrou-se toda!”
O que mais impressionou o médico foi que eu estava em estado de consciência normal durante todo o tempo, antes da cirurgia e também na UTI. Eu sabia tudo: telefone da minha casa, nomes de parentes, e sabia onde eu estava. Ele disse: “Toda quebrada, mas a alma toda viva.”
Aos poucos fui me recuperando, mas sempre com muitas dores pelo corpo - principalmente para fazer fisioterapia. Fiquei em pele e osso, diante do maior sofrimento que um ser humano poderia passar. Mas eu gozei de muita paz interior, muita paz!
Conversando posteriormente com um sacerdote, eu dizia que atribuía a Deus esta paz - Paz esta vinda dEle mesmo – e também a Nossa Senhora, por quem chamei na escuridão e na agonia daquela noite do acidente.
Atualmente estou quase normal, praticamente curada. Perdi uma vista, perdi um pequeno movimento da perna – ela não dobra – e às vezes ainda sinto um pouco de dor na perna. Ando com o auxílio de uma bengala. Mas essas são pequenas limitações.
Hoje faz exatamente um ano e 29 dias que ocorreu o acidente. E ao estar aqui hoje, em Piedade, dando este testemunho, agradeço infinitamente a Deus, a Nossa Senhora e aos meus irmãos fraternos pelas muitas orações que recebi.
Depois do acidente, é a segunda vez que venho ao Vale da Paz, para confirmar a minha fé, devoção e amor à Virgem Maria, e agradecer pela sua intercessão e ajuda para vencer tantas dificuldades, o que jamais seria possível ao ser humano sem o valioso auxílio da Imaculada Conceição, Maria, a Mãe de Jesus.
Vale da Imaculada Conceição, 25 de maio de 2002