Todos os dias, na cidadezinha mineira de Piedade
dos Gerais, a Mãe de Jesus transmite à humanidade mensagens
de fé, de amor e de esperança de dias melhores
A multidão aguarda, ansiosa, o milagre prometido. O vento forte varre as folhas caídas no solo e faz aumentar ainda mais a tensão. De repente vê-se uma luz difusa, esbranquiçada. Três meninas se destacam do grupo e se ajoelham, os olhos fixos num único ponto. Falando ao mesmo tempo, passam a transmitir às pessoas as palavras que só elas ouvem - as palavras de Maria, a mãe de Jesus. E então, para que todos vejam e reforcem sua fé, o sol começa a pulsar como um coração, girando vertiginosamente com todas as cores do arco-íris.
Essa cena ocorreu no dia 19 de setembro de 1987, na cidadezinha mineira de Piedade dos Gerais, a 110 quilômetros de Belo Horizonte. Foi uma aparição muito semelhante à que aconteceu na cidade portuguesa de Fátima em 1917. E não por acaso: nas duas cidades, a entidade espiritual que se manifestou foi a mesma (a Mãe de Jesus), e a mesma fé tocou os corações de todos os que testemunharam, com setenta anos de diferença, a explosão de cores e os movimentos do sol. Mas, diferentemente do que se passou em Fátima, na cidadezinha mineira Maria continua a aparecer e a transmitir mensagens de amor e de esperança à sua gente simples. Todo dia é dia de milagre em Piedade dos Gerais.
Reportagem da Revista Destino – Ano VII – No 118 – Junho de 1996
Uma linda mulher com uma criança
A interlocutora escolhida por Maria em Piedade dos Gerais foi uma moça morena chamada Marilda Santana, filha de lavradores pobres. Marilda tem hoje 20 anos. Trabalha numa lojinha de artigos religiosos, está noiva e faz planos de se casar até o final do ano. E, duas vezes por dia, conversa com a Mãe de Jesus.
“Tudo começou em setembro de 1987, quando eu tinha 12 anos”, conta Marilda. Certo dia, ela foi brincar com as primas Íris e Fabiana (de 11 e 6 anos, respectivamente) no morro que fica atrás da casa dos seus avós. De repente, começou a escurecer e uma forte ventania começou a levantar as folhas do chão. As três meninas decidiram voltar – e perceberam que uma nuvem escura as acompanhava, pairando sob suas cabeças. “Aos poucos, a nuvem foi ficando menos escura, de um tom azulado”, lembra Marilda. “E então, exatamente acima de onde a gente estava, surgiram da nuvem os pés descalços de uma mulher, apoiados sobre um floco branco que parecia algodão.”
Assustadas, as meninas correram para casa. Mas o medo não as impediu de voltar na semana seguinte, desta vez acompanhadas por Juliana, de 8 anos, irmã de Marilda. Quando o céu escureceu e o vento passou a soprar, as quatro crianças se deram as mãos e começaram a rezar.
“E então surgiu a imagem de uma mulher, de corpo inteiro e com uma criança no colo”, conta Marilda com entusiasmo. “Ela era linda demais. Usava um vestido longo branco e um véu transparente sobre os cabelos compridos e castanhos. Os olhos também eram castanhos. Trazia flores, rosas brancas e vermelhas, com as quais nos abençoou.” Marilda acrescenta que a imagem primeiro declarou que era a Mãe delas e depois escreveu no ar, em letras brilhantes, Sou a Imaculada Conceição. Em seguida mostrou-lhes a criança que trazia nos braços, pediu-lhes que rezassem e, antes de se elevar ao céu e desaparecer, prometeu voltar no sábado seguinte. A notícia se espalhou e no dia combinado centenas de pessoas de Piedade dos Gerais e das cidades vizinhas aguardavam junto às crianças. Todas elas ouviram a mensagem de Maria, transmitida pelas meninas, seu pedido para que fosse chamada de “Nossa Senhora da Piedade”. Todas elas viram, durante cerca de 15 minutos, os movimentos e as cores do sol.
Reportagem da Revista Destino – Ano VII – No 118 – Junho de 1996
Todos comem, todos têm abrigo
A partir daí, a vida começou a mudar em Piedade dos Gerais. A fazenda Barro Vermelho, dos avós de Marilda, passou a se chamar Vale da Imaculada Conceição e se tornou a sede de uma comunidade que conta hoje com 45 casinhas simples, uma capela e uma cozinha comunitária na qual equipes de voluntários se revezam no preparo das refeições dos moradores e dos visitantes. Nos finais de semana, mais de setecentas pessoas almoçam e jantam no Vale, e no dia 19 de setembro, aniversário da aparição de Maria, a comunidade recebe mais de 3 mil visitantes. Muitos levam mantimentos (ali, nada pode ser comercializado) e há também uma horta comunitária, mas ainda assim parece incrível que se possa alimentar tanta gente.
Extraído da revista Destino – Ano VII – No 118 - Junho de 1996
A vida ao ritmo de mensagens de amor
Essa vivência de fraternidade é reforçada diariamente pelas mensagens de Maria. Os encontros com a mãe de Jesus ocorrem duas vezes por dia. O primeiro acontece às 13 horas, no morro onde Marilda, Íris e Fabiana tiveram a primeira visão da Virgem. Ali foram erguidos um palanque rústico e bancos toscos de madeira, como um teatro ao ar livre, e foi construída uma pequena gruta feita de pedras. O segundo encontro se dá às 20 horas, na capelinha do Vale da Imaculada Conceição, a 2 quilômetros da cidade. Apenas Marilda e seus irmãos adolescentes Antônio Augusto e Juliana vêem a Virgem, pois Íris não consegue mais avistá-la e Fabiana admite que só consegue vê-la “de vez em quando”. As mensagens, que não duram menos de quinze minutos, são transmitidas exclusivamente a Marilda. Elas trazem profecias sobre os tempos difíceis que a humanidade deverá atravessar (ver trechos selecionados) e de como será possível superar os desafios por meio da bondade do coração, da humildade, dos atos de fraternidade cristã e de “correntes de oração”. Falam do mundo renovado que virá em seguida, de um Brasil mais unido e em paz. A Virgem também pediu que as pessoas do Vale se preparassem para “receber as crianças” – hoje, são mais de quarenta crianças abandonadas que, não se sabe exatamente como, foram parar lá, e cada família se encarrega de uma.
Reportagem da Revista Destino – Ano VII – No 118 – Junho de 1996
Um momento de graça numa noite linda
Quando cheguei a Piedade dos Gerais, à noite, as luzes todas acabaram. A explicação foi que a energia caíra em função do “horário de pico”, quando todos ligam os chuveiros ao mesmo tempo, se preparando para ir à missa na igreja da cidade, antes da mensagem da Mãe de Jesus. Após a missa, no escuro, acompanhei as pessoas que se dirigiam ao Vale da Imaculada Conceição para receber a mensagem das 20 horas. Um coro de vozes infantis guiava nossos passos. A pequena capela estava repleta, iluminada por velas que as crianças da comunidade seguravam. Seus cantos faziam tremer as chamas. Quando Marilda entrou, trazendo consigo a energia elétrica que, como num passe de mágica, acabara de voltar, o silêncio desceu sobre o recinto. Ela se ajoelhou. Seus olhos procuraram um ponto, onde pareciam estar vendo alguém, e assim ficaram, fixos e estáticos, como se ela estivesse hipnotizada. Seu rosto se transformou. Lágrimas desciam dos seus olhos enquanto transmitia a mensagem: “Grande felicidade estar entre vós nesta noite linda, este é um momento de graça...” Após a mensagem, as pessoas vão para suas casas. Marilda retorna sozinha. Não existe qualquer tipo de veneração ou tumulto, as coisas acontecem como se tivessem de acontecer: naturalmente. Mas, para mim, foram inesquecíveis momentos de graça e magia.
Extraído da Revista Destino – Ano VII – No 118 – Junho de 1996
Reportagem de Fátima Nunes
Os Milagres do Cotidiano
Talvez seja esse o milagre maior de Piedade dos Gerais. Sem dúvida, há os que garantem ter sido curados milagrosamente - de eczema, de problemas de coluna e até mesmo de câncer -, curas que Marilda costuma explicar em poucas palavras: “Eles tiveram fé”.
Mas o aspecto mais importante é que os habitantes da cidadezinha aprenderam a criar, no cotidiano, os milagres da partilha e da solidariedade. É toda comunidade que se mobiliza, duas vezes por dia, para receber mensagens de amor e esperança, e responde a essas mensagens com suas ações.
Uma comunidade onde não existem menores abandonados nem pessoas com fome, porque todos aprenderam a repartir.
Os movimentos vertiginosos do sol não se repetiram em Piedade dos Gerais, assim como não se repetiram em Fátima. Mas não foi necessário, pois a gente simples da cidade mineira soube realizar o milagre essencial, da fraternidade e da transformação das suas vidas.
Extraído da revista Destino - Ano VII – No 118 - Junho de 1996
Reportagem: Cadu Silveira
Fátima Nunes
Deus está no silêncio
Trechos selecionados das mensagens de Maria
- Os sinais significam um presente de Deus. Os alertas preocuparão, pois, quando uma mãe vem para a salvação, algo importante vai acontecer: parte deste mundo pode desaparecer.
- Quem quiser permanecer em paz, deve ajudar as crianças pobres. Procurem as crianças, os pobres, aqueles que me recebem de coração.
- Os inimigos mais poderosos são a Besta e o Dragão. Vocês, juntos, é que vão acorrentá-los. Precisamos de correntes de orações do amanhecer ao anoitecer, pois os inimigos estão soltos. Rezem, não podem ter preguiça de rezar.
- Sou capaz de levá-los a um deserto e cobri-los com o meu manto até passar a escuridão.
- Serei capaz de pegá-los na palma da mão, sustentando-os por mil anos. Depois virá o Reino, meu Filho e a Cidade Santa. Quando Jesus bater à porta e disser: “Sou o caminho , a verdade e a vida”, vocês dormirão e acordarão noutro lugar.
- A mãe vem para a salvação e a felicidade do Brasil! Felizes vós, brasileiros! Saúdem uns aos outros porque algo importante acontecerá no Brasil. Está chegando o dia da salvação.
- Podemos ver Deus em tudo o que Ele fez. Deus está no silêncio.
Reportagem da Revista Destino – Ano VII – No 118 – Junho de 1996