Quando ainda não conhecíamos Piedade dos Gerais, e nem muito menos o Vale da Imaculada Conceição, pelos moradores da região era chamado de Fazenda do Barro Vermelho.
Uma fazenda simples, onde morava o Sr. Euclides Xavier de Santana, seu filho Antônio Xavier de Santana, sua nora Maria José Diniz de Santana (D. Tilica) e seus 7 netos, filhos do casal.
Sr. Euclides era viúvo de Maria das Dores de Santana, mais conhecida como Dona Cola. Euclides era enérgico, possesivo e autoritário, causando um certo medo aos freqüentadores da fazenda, que iam para buscar lenha em sua propriedade. Como bom pai, queria proteger a herança para os filhos e netos.
Os homens trabalhavam como lavradores e pequenos criadores de gado. A esposa e filhas nas tarefas da casa, nos cuidados da horta, na criação de galinhas... Todos colaboravam. Com sacrifício e muito amor abraçavam honestamente a vida humilde que Deus lhes concedia.
Certo dia, Sr. Antônio trabalhava intensamente como de costume. Já era por volta de meio-dia, e muito tinha ainda a ser feito. Ao ordenhar o gado parou um determinado momento a contemplar as belezas do Criador. Neste momento, ele viu duas belas flores, que chamaram sua atenção pela sua extraordinária beleza e brilho. Pareciam com a flor copo de leite, eram brancas, alvas e graciosas; eram envolvidas por uma luz ofuscante que incomodava a visão. Sem entender a vitalidade das flores em pleno dia ensolarado, na escassez de chuvas, e tão radiantes, e que ele não as tivesse notado antes, pensou: “Hoje eu não posso. Mas, amanhã bem cedinho, quando eu for levar o leite, vou até lá ver de perto estas flores.” E seguiu seu caminho ordenhando o gado, e os pensamentos nas tais flores no ponto mais alto da fazenda, onde era de difícil acesso e cercado de matas.
No outro dia, bem cedo como previsto, subiu ao monte para ver de perto as flores cintilantes que chamaram a sua atenção no dia anterior. Cuidadosamente, procurou por todos os lados, olhou em todas as direções, mas sem resultado. As flores não existiam mais! Por mais que procurasse algum sinal ou vestígio das flores, não existia nem a possibilidade de alguma planta florir naquela época, especialmente naquele lugar.
Mas a lembrança daquelas flores ainda é bem nítida em sua mente e em seu coração, pois algum tempo depois, após a manifestação de Nossa Senhora na fazenda, naquele mesmo lugar foi ampliado o estreito caminho, abrindo a nova estrada para acesso dos peregrinos à Fazenda do Barro Vermelho, que passou a ser, pouco tempo depois, o Vale da Imaculada Conceição.