Não se sabe ao certo o ano de fundação do arraial de Nossa Senhora da Piedade dos Gerais. Porém, foram encontrados dois documentos no arquivo da Arquidiocese de Mariana que, ao abordarem a fundação de sua Capela, deixaram indícios de suas origens.
Eis o teor da provisão: (Tal qual como foi extraído do documento que data de 16 de março de 1754)
“ ... D. Frei Manoel da Cruz // Bispo // Fasemos saber q. atendendo vos ao q. por sua petição (...) a dizer q. moradores e applicados da Cappela de Nossa Senhora dos Campos Geraes filial da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Congonhas do Campo Havemos por bem ... conceder licença, pela presente nossa Provisão para q. possás erigir huma nova Cappela de Nossa Senhora da Piedade no mesmo lugar onde existia outra da mesma Senhora, que (...) demolida, ficando somente a Cappela Mór para nella selebrarem os Officios Divinos, enquanto se conclui a nova Cappela ... ”
O documento atesta que a fundação da Capela de Nossa Senhora da Piedade ocorreu em 1754. O surpreendente é registrar a existência de um templo anterior, do qual ainda permanecia intacta a Capela-mor daquela época. Este registro deixa indícios de que o povoado poderia ser originário de finais do século XVII ou XVIII, embora não tenha sido encontrado nenhum outro documento que comprovasse a hipótese levantada.
Em 1836, a população de Piedade apresentava um maior contingente de livres e escravos, superando inclusive à Vila de Queluz.
Em 03 de abril de 1840, o povoado de Piedade dos Gerais foi elevado à condição de freguesia ao ser desmembrado de Bonfim pelo então presidente da Província, Bernardo Jacintho da Veiga.
No primeiro recenseamento realizado no regime republicano, em fins de 1890, o distrito de Piedade dos Gerais apresentava uma população de 8.381 habitantes, sendo que 4.151 eram do sexo masculino e 4.230 do feminino.
Possuía escola pública e agência de correio, recebendo correspondência a cada intervalo de dois dias.
Em 11 de maio de 1909, uma correspondência entre o vigário de Piedade, Pe. Pedro Thysen, e o arcebispo de Mariana, Dom Silvério Gomes Pimenta, tratava da construção e benção do cemitério no povoado.
Em 25 de julho de 1923 ocorreu a simplificação oficial do então distrito de Nossa Senhora da Piedade dos Gerais para apenas Piedade dos Gerais.
O primeiro automóvel apareceu em Piedade dos Gerais pelos anos de 1929 ou 1930, era um Ford de bigode. O automóvel demorou dois dias para rodar 36 Km. A sua chegada foi uma grande festa, com salva de tiros e fogos marcando assim o começo da modernidade.
Em 1940, o resultado apresentado pelo IBGE apontava o distrito de Piedade como o mais populoso: 491 habitantes na área urbana e suburbana, 4849 na zona rural, num total de 5340.
No dia 30 de dezembro de 1962, o antigo distrito foi elevado à condição de município.
O relato dos moradores mais antigos dos principais povoados demonstra que a vida piedadense sempre foi simples, centrada no trabalho agrícola.
A vida social e cultural não era intensa, restringindo-se às festas religiosas e eventuais bailes organizados pela comunidade local.
Segundo o Mapa da População de Piedade dos Gerais em 1999, a sede de Piedade dos Gerais contava com 800 casas e 2.400 habitantes, totalizando com as comunidades rurais 1236 casas e 4.303 habitantes.
Que o diálogo entre as gerações piedadenses que constroem cotidianamente esta trajetória contribua para a preservação de sua memória.
Extraído do Dossiê Histórico de Piedade dos Gerais – Janeiro de 2000