Contam os anciãos da cidade que há muitos e muitos anos atrás a região era habitada por índios, que deixaram indícios como machadinhas, panelas de barro e outros - alguns ainda hoje conservados – que ficaram como provas e sinais de tal fato.
Depois, com a colonização da Terra de Santa Cruz e a exploração do trabalho negreiro, a região veio a ser habitada pelos escravos fugitivos dos senhores e seus capatazes.
A região muito favorecia para esconderijo de escravos, por ser uma região montanhosa, cheia de grotas e vales. Ao notarem a aproximação de estranhos se escondiam no seio da natureza que os acolhia em seus encantos, que só eles conheciam.
Assim este lugar ficou conhecido como Quilombo dos Gerais.
O Quilombo dos Gerais era um ponto de encontro e acolhida a todos os escravos que aqui chegavam.
Com a Lei Áurea assinada pela princesa Isabel, veio a libertação dos escravos, que não precisavam mais de refúgios ou quilombos. Mesmo assim continuavam chegando escravos de todos os lugares, que aqui encontravam abrigo, amparo e piedade da parte dos primeiros moradores. A partir daí mudou-se o nome de Quilombo dos Gerais para Piedade dos Campos Gerais.
Do primitivo povoado, ainda existem muros de pedras e valas, construídos pelos escravos para se defenderem dos ataques que sofriam e para separar uma propriedade da outra.
As primeiras capelas foram construídas pelos escravos em homenagem a Nossa Senhora. A capela Nossa Senhora da Piedade e a capelinha Nossa Senhora do Rosário, ambas foram demolidas por estarem em condições precárias.
A capela Nossa Senhora da Piedade foi erigida novamente sob permissão do Bispo D. Frei Manoel da Cruz em 1754.
Um novo santuário começou a ser construído em homenagem à Sagrada Família pelo então pároco Pe. José de Queiroz. Ele dizia que recebera uma profecia: ”Piedade é um lugar que precisa de uma Igreja grande, pois vai acolher muitas romarias.”
Ele foi incompreendido por seus paroquianos, que julgavam a capela suficiente para acomodá-los e pouca assistência deram na construção do santuário, que por muito tempo ficou inacabado, tornando-se abrigo para alguns animais.
Até a chegada do novo pároco Frei Joaquim Vam Kesterem, em 24 de julho de 1967, as celebrações das Santas Missas, casamentos e batizados eram feitas no salão paroquial, pois da capela sobraram apenas algumas paredes de pedras.
Depois de uma pequena reforma na casa paroquial, novamente deu-se a reconstrução da capela Nossa Senhora da Piedade.
Frei Joaquim dizia que Nossa Senhora da Piedade havia lhe aparecido em sonhos pedindo-lhe que fizesse esta reconstrução, passando assim a antiga capela a ser a matriz de Nossa Senhora da Piedade.
Algum tempo depois, com muito amor e sacrifício, Frei Joaquim deu continuidade à construção do Santuário Sagrada Família, e antes da obra chegar ao fim a Virgem Maria começou a manifestar-se na fazenda Barro Vermelho, trazendo consigo as bênçãos celestiais e inúmeras romarias para concretizar a profecia do Pe. José de Queiroz.
Da capela Nossa Senhora do Rosário sobrou o cruzeiro e algumas paredes em ruínas.
Restos de histórias, começo de um novo tempo.